Ah! Os quadros!
Os quadros fazem parte da decoração e da vida das pessoas desde os primórdios da história da humanidade.
A pintura foi uma das principais formas de representação dos povos medievais, do Renascimento até o século XX, onde a partir do século XIX com a Revolução Industrial, abriu espaço para novas técnicas como a fotografia e a reprodução em massa de diversos tipos de telas.
E até os dias de hoje, os quadros são sempre muito bem vindos, independentes do estilo, técnica e época e saber utilizá-los na decoração corretamente faz toda diferença quando se está criando um projeto ou cena.
Particularmente eu adoro quadros e até me arrisco a criar alguns para minha casa. Os quadros além de tornar o ambiente mais confortável visualmente, psicologicamente e influenciam até na parte acústica, trazem estilo e personalidade ao ambiente, podendo ser desenhos ou fotos, pinturas ou gravuras.
Além disso, são elementos que assim como os espelhos (veja o artigo Como Utilizar Espelhos na Decoração) são curingas na hora de compormos ambientes, conversando bem com qualquer estilo de decoração.
E existe alguma regra que determina como devemos usar os quadros?
Bem na verdade não. Porém sair colocando os quadros de qualquer jeito em qualquer lugar sem usar o bom senso, seja no ambiente pronto ou em projetos pode trazer um resultado desastroso ou no mínimo estranho.
E para evitar esses resultados indesejados, existem algumas dicas que você pode seguir para facilitar o processo de decoração com quadros, devendo ser levado em conta apenas o modelo do quadro e o estilo (ou combinação de estilos) usados no ambiente a ser decorado.
E seguindo algumas dessas dicas básicas e simples você terá muita facilidade na escolha e distribuição de quadros nos seus projetos e cenas, valorizando a obra de arte e o ambiente em que ela estará inserida. Sejam ambientes grandes ou pequenos, assim como as telas.
Veja como criar composições belíssimas sem medo de errar:
– Escadas: use telas menores acompanhando o alinhamento dos degraus.
– Hall: você pode criar uma composição com um quadro maior apoiado a um aparador, dois porta retratos e dois quadros pendurados na parede, ou uma composição com diversos quadros fixados na parede acima de um aparador, ou ainda, fixar apenas um quadro maior que ganhará destaque e será valorizado. O estilo do quadro também depende do estilo do ambiente.
– Salas de Jantar: em salas de jantar que são exclusivas para este fim e com decoração mais tradicional ou clássica, normalmente usa-se natureza morta, que são imagens de frutas, jarros, vinhos ou alguma pintura que remeta a gastronomia. Porém em salas mais modernas e/ou integradas à cozinha uma ótima sugestão são os quadros abstratos, esculturas de parede ou até mesmo adesivos de parede. Fotos que remetam à gastronomia também combinam bem com esse estilo de ambiente, desde que as fotos também tenham esse estilo como as do último exemplo dessa sequência ou que transmitam ares de modernidade.
– Salas de Estar: Como nas salas de jantar a escolha do quadro depende do estilo da decoração, se o ambiente é contemporâneo ou moderno em que as linhas retas e o aspecto clean predominam quadros abstratos com cores mais tornam o espaço vibrante e estimulante. Porém em alguns estilos clean onde tons pastéis e cores pálidas imperam, alguns tipos de fotografia em preto e branco e com cenas do cotidiano também podem ser interessantes, como por exemplo, as dos fotógrafos Henri Cartier-Bresson e Richard Avedon ou em tons de sépia (envelhecido) para ambientes em que predominam tons de marrom e terra.
Se a sala é clássica, pinturas ou imagens de paisagens, campos, plantações e representações de cenas do cotidiano, criam composições muito interessantes e harmoniosas com restante do ambiente.
Em salas com estilo retro ou vintage, uma ótima sugestão é usar composição de quadros grandes ou composições de quadros médios com fotos de objetos antigos, lugares e cenas do cotidiano que remetam aos anos 60 e 70, fotos desses objetos e cenas muito coloridas como as imagens abaixo ou fotos de celebridades que marcaram essa época em preto e branco ou pinturas também muito coloridas como as do pintor e cineasta Andy Warhol.
Imagens das bandeiras americana e inglesa, especialmente com efeitos de desgaste pelo tempo, assim como reproduções (ou os originais) de cartazes antigos de anúncios, filmes ou qualquer outro tipo de imagem com o tema dessa época.
– Quarto adulto: Posicionado sobre a cabeceira, pode-se utilizar de várias formas. Apenas um quadro reto sem molduras preenchendo toda sua extensão ou uma peça centralizada com adaptação de led ou mangueira de luz embutida.
Vários tipos de composições podem ser feitas criando efeitos variados. Dois quadros médios centralizados à cabeceira, ou grandes por toda extensão, conjuntos de três ou mais quadros centralizados ou por toda extensão ou ainda composições ou peças únicas combinadas a faixas de papel de parede e painéis de madeira.
Nas laterais da cama, particularmente gosto de composições de dois, três ou mais quadros de pequenos a médios com formatos quadrados ou horizontais, gosto do efeito de alongamento que essa disposição cria no ambiente.
Quanto ao estilo dos quadros, as molduras, imagens, cores e tons deverão estar de acordo e conversando bem com o ambiente criando um conjunto harmônico. A mistura de molduras, é quase sempre bem vinda, mas em ambientes que possuem muitos elementos decorativos é melhor usar molduras em estilo mais “clean”, para que entrem em conflito com as demais peças presentes no quarto.
Como prefiro tons mais suaves nos quartos conseqüentemente também escolho imagens mais suaves que transmitam calma, paz, tranqüilidade e que não agridam visualmente.
Porém como sempre gosto de frisar, as preferências e gostos que devem prevalecer são da pessoa para quem o projeto está sendo feito.
– Quarto Infantil: procure usar quadros menores, com imagens de animais, desenhos, frases de boas vindas em quartos de bebês. Sempre com uma temática infantil ou que acompanhe algum tema principal da decoração do quarto como super heróis ou personagem que a criança goste, no caso de crianças maiores. O importante é que tenham imagens bonitas, alegres e ricas em detalhes para estimularem o interesse da criança e a interação com o ambiente.
– Escritórios: opte por quadros com paisagens urbanas ou de natureza, objetos ou animais (como cavalos, aves) e imagens abstratas para os mais conservadores. Porém é permitido usar imagens mais descontraídas que possam representar o estilo ou até mesmo profissão de quem utilizará o ambiente, podendo em ambas as situações serem peças únicas ou composições.
Além dessas dicas, você ainda deve tomar alguns cuidados a mais para criar um ambiente harmonioso e elegante, vejamos:
Equilíbrio e Harmonia
É preciso sempre buscar equilíbrio e harmonia entre as paredes ou planos que serão preenchidos pelos quadros e relacioná-los com os espaços vazios. Uma grande quantidade de quadros concentrados em uma determinada área pode poluir visualmente o ambiente, assim como a ausência deles em uma área de mais espaço gera a sensação de vazio e de que falta algo naquele lugar.
Portanto procure sempre equilibrar a quantidade de quadros nas áreas que estarão dispostos.
Ponto de Visão
Os quadros não devem ficar nem muito alto nem muito baixo. O ideal é que o seu eixo fique na altura dos olhos, evitando que o observador precise levantar ou abaixar a cabeça para visualizá-los.
A altura média usada é entre 1,60m ou 1,70m. No caso de paredes com pé direito muito alto, essas alturas também podem subir um pouco mais para ficar proporcional á altura da parede. Para essas situações, eu particularmente uso e recomendo quadros um pouco maiores ou composições de vários quadros.
Quem Ganha essa Disputa?
Se no ambiente já existe um elemento marcante como uma mesa de jantar ou um sofá, por exemplo, e você irá utilizar um quadro de tamanho maior ou um conjunto de quadros, o ideal é que você centralize o quadro com base nesse elemento, caso contrário, você terá um ambiente com dois pontos focais de presença forte concorrendo no mesmo lugar. E nesse caso a pergunta correta seria “quem perde essa disputa” e a resposta é: Você ou a pessoa para quem o ambiente está sendo planejado, pois essa falta de centralização dos objetos fica desarmoniosa e dando a sensação de cansaço.
Cada Qual com seu Igual
O ideal na disposição de quadros é que os maiores sejam usados em paredes maiores e ambientes mais amplos, para que sejam vistos de longe, para que o observador tenha uma visão total do desenho e todos os detalhes observados.
A mesma proporção usamos para quadros pequenos, eles devem ser colocados em locais que sejam onde seja possível o observador se aproximar para ver seus detalhes de perto.
Diferentes… Mas nem Tanto
Quadros pequenos e com tamanhos semelhantes (não exatamente iguais), criam um estilo irreverente quando colocados próximos, porém em alturas variadas. Distribuição ideal para usar em projetos de ambientes de pessoas que gostam de colecionar objetos mas que não preza pela ordem extrema ou simetria perfeita e que gosta de brincar com a disposição informal.
Ao criar composições de vários quadros na mesma parede, não deixe-os muitos próximos uns dos outros. Use sempre uma distância razoável permitindo que cada tenha sua identidade valorizada.
É legal também seguir a mesma temática, ou seja, se um deles retrata carros por exemplo, os outros devem seguir esse mesmo padrão.
Porém em determinadas situações, agrupar quadros com temáticas diferentes criará um ambiente descontraído e divertido, gerando a sensação de um espaço cultural, onde se expõem trabalhos diversos, estimulando a curiosidade.
– Se a parede é retangular (seja na vertical ou na horizontal), o formato do quadro ou a disposição de um conjunto fica melhor se seguir o mesmo formato da parede.
– Em ambientes naturalmente antigos ou que você deseja criar esse efeito “vintage romântico” ou “vintage country” (mistura de estilos), escolher uma parede pequena e aplicar uma cor de fundo mais forte ou mais vibrante como tons de azul e dispor quadros com molduras maiores e temáticas com fotos e gravuras coloridas que remetam ao passado, criam um espaço retrô muito interessante.
O importante é que a parede seja pequena (de preferência a menor do ambiente), porque grandes extensões de parede com essa decoração causam poluição visual e acabam cansando quem está no local.
Como disse no início desse artigo, não existe uma regra que você deva seguir à risca para dispor os quadros usados nos seus projetos ou ambientes prontos, todas essas dicas são apenas pequenas “fórmulas” que dão certo e te facilitam caso tenha dúvida, porém o mais importante sempre é usar o bom gosto, bom senso e decorar de acordo com o estilo e personalidade do seu cliente, pois agradá-lo de fato é o que fará toda diferença.
E para te ajudar ainda mais na composição dos seus projetos, preparei alguns componentes para Sektchup com modelos de quadros e algumas texturas também destes para usar a vontade em seus projetos.
Izabel Lima